terça-feira, 17 de abril de 2012

Falta coragem para "matar a vaca"

Ausência.
De palavras, de vontade, de esperança, de notícias. Desânimo aflitivo, perda total de esperança na humanidade. Desconsolo, desalento, apatia, conflitos, angústia, frustração.
Dramático demais? Pois saibam tenho andado às voltas com sentimentos extremamente negativos nos últimos tempos. Nada diferente da situação anterior; mas a angústia aumentou consideravelmente, prejudicando, inclusive, minha relação conjugal.
Isto posto, em resumo, continuo na mesma m&$d@ de antes (desculpem, mas não encontrei palavra melhor). Sinto-me caminhando numa esteira, sem conseguir sair do lugar. O tempo no trabalho se arrasta lentamente, a paisagem é sempre a mesma; os dias, sempre iguais. Falta-me coragem de "matar a vaca" - calma, eu explico daqui a pouco - e acabar com essa agonia de uma vez por todas. Infelizmente, acomodei-me e não consigo reagir minimamente em busca de uma solução.
Para piorar, estou há quinze dias com uma gripe terrível, algo que não acontecia há vários anos e isso só aumenta o meu desânimo.
Reconheço que tenho praticado constantemente o que Gisela Rao (do Blog VAE) chama de sabotation contra a minha auto-estima. A situação melhora apenas quando estou ao lado do meu filho, um oásis nesse meu mundo de conflitos e decepções.
Deixe-me esclarecer a história da vaca:
A história conta que um sábio  leva o discípulo a uma aldeia muito pobre e ali escolhe a moradia mais humilde,  bate à  porta e  um homem com roupas muito sujas o atende. Ele  pergunta ao homem se  ele e seu discípulo podem pernoitar na casa por essa  noite. O homem aceita com cordialidade, mas adverte que é muito pouco o que pode lhes oferecer.
O mestre percebe tratar-se de uma grande família e que seu único  meio de subsistência é uma vaca que produz leite, que é vendido aos seus vizinhos.
Os dois visitantes vão descansar, mas quando chega o amanhecer o mestre chama seu discípulo e o leva para onde se encontra a vaca, pega uma adaga e golpeia o animal. O discípulo, questiona a atitude do mestre, mas este responde apenas que daqui a algum tempo ele entenderia sua atitude.
Um ano depois desse incidente, o mestre leva seu discípulo ao mesmo lugar, onde ele nota que no local agora há uma casa grande e próspera. O mestre bate à porta e é atendido pelo mesmo homem que há um ano lhes deu pousada e vê que o homem estava limpo e bem vestido. O mestre perguntou  a que se devia sua nova vida de prosperidade. O homem disse: - A noite em que vocês passaram por aqui, veio um ladrão e matou a vaca, nos deixando em desespero. Mas todos nós começamos a cultivar a nossa terra e com o que recolhemos nos sobra para vender no mercado da cidade. Assim, acabamos conhecendo outras oportunidades de negócios e nossa vida prosperou. (História recebida por email - desconheço a autoria)

Sou o "homem pobre" do texto. Tenho um emprego que me permite sobreviver, pagar minhas contas, por isso estou acomodada, apesar de me sentir completamente infeliz. Mas falta-me coragem de matar a vaca, principalmente porque meu senso de responsabilidade me impede de ousar nas minhas decisões. Afinal, com um filho para sustentar e educar, sair pro mundo é uma escolha totalmente arriscada.
Matar a vaca implicaria em abandonar uma história da qual eu me orgulho, começar algo novo e imprevisível, arriscar. Infelizmente, assumir grandes riscos nunca foi o meu forte. Por isso, continuo vivendo um dia de cada vez, mas sei que haverá um momento onde serei obrigada a abandonar a zona de conforto e partir para o confronto.
Crescer dói e tomar decisões na vida dói mais ainda. Mesmo assim, percebo que qualquer decisão será melhor do que permanecer na inércia em que me encontro agora.