terça-feira, 5 de junho de 2012

Esperando a minha vez

Finalmente, após um longo período de recolhimento, ruminando problemas indigestos, resolvi tentar um reencontro com as palavras, apesar da minha dificuldade para concatenar o turbilhão de pensamentos confusos e teimosos que me assolam dia e noite.
Acabou o mês de maio e eu permaneço com a sensação de ter feito pouca coisa útil neste ano. Maio foi um mês longo e difícil, cujo fim parecia nunca chegar. Presa às minhas frustrações, oscilei entre momentos de alegria e otimismo e outros de profunda melancolia e desesperança. Por várias vezes, sentei-me frente ao computador para expurgar minha angústia através das palavras; fracassei em todas elas, como, aliás, me sinto fracassar em outros aspectos da minha vida.

Maio foi um mês de muitos acontecimentos, principalmente relacionados à minha família. Meus pais e irmãos tomaram decisões importantes em suas vidas, tomando outros caminhos, buscando ser mais felizes. Fiquei muito feliz por eles - mesmo que algumas mudanças nos tenham afastado geograficamente - o importante é que agora estão fazendo planos, retomando antigos sonhos. E não há nada melhor que ver pessoas amadas recuperando a capacidade de sonhar.
Passei todo este período lendo compulsivamente. Livros, revistas, artigos de jornais, blogs, tudo o que pudesse suprir a minha deficiência de argumentos e ideias. Sim, senti-me uma total ignorante nos últimos tempos, uma pessoa com enorme dificuldade de raciocínio e análise crítica.  
Talvez essa condição seja decorrente de minha auto-estima extremamente fragilizada, destroçada mesmo. Isso em função de diversos acontecimentos no campo profissional. Nem Gisela Rao, com seus posts no Blog VAE conseguiu me ajudar nesses momentos!
Claro, por mais que eu me esforçasse, algo me impelia para baixo e eu me sentia sem forças para reagir, porque não conseguia encontrar uma saída racional do imenso abismo em que me encontrava. Acredito que todos tenham momentos assim, onde nada parece fazer sentido. Eu buscava nas ideias alheias um mínimo de sabedoria para tomar minhas decisões.
E assim, fui deixando o tempo passar. Por incrível que pareça, apenas poucas e muito íntimas pessoas perceberam meu estado. Vez ou outra, minha irmã, com a habilidade de um investigador do antigo DOPS conseguia extrair alguma confidência forçada. Também é difícil ocultar as angústias do meu esposo, porque compartilhamos nossa vida - "na alegria e na tristeza, na saúde e na doença..." - não é isso que determina o sacramento?
Bom, mas nem tudo são traumas na minha humilde existência. Se eu fizer um inventário de minha vida, devo assumir que as alegrias superam todos os problemas. Afinal, muitos passam por experiências terrivelmente piores e sobrevivem, com determinação e alegria.

É típico do ser humano potencializar suas dores, dramatizar os acontecimentos ruins, tornando-se uma vítima do que chamamos de "destino". Sei perfeitamente que este momento será passageiro e que viverei muitos outros momentos tão ou mais difíceis. Em uma leitura recente, encontrei a frase que define com perfeição esses dilemas humanos, tornando mais fácil superar a vontade de dramatizar excessivamente a vida:
" O drama e a comédia, as perdas e os ganhos, o deserto e o oásis, o relaxamento o estresse são privilégios dos vivos."
(Augusto Cury - O vendedor de sonhos e a revolução dos anônimos)
Assim, meus caros, bola pra frente que a vida é muito maior e merece ser vivida plenamente e com muito bom humor.
Ontem à noite, ouvi a música "Eu espero a minha vez", do grupo NX Zero e me identifiquei com cada palavra. A música me inspirou a escrever este post, depois te tanto tempo ausente.
Sim, os dias ruins todo mundo tem, mas eu sei que o mundo vai girar. E eu estarei pronta, esperando a minha vez.  
Se o medo e a cobrança, tiram minha esperança,
tento me lembrar, de tudo que vivi,
e o que tem por dentro, ninguém pode roubar.

Descanso agora, pois os dias ruins,
todo mundo tem,
já jurei pra mim, não desanimar.
E não ter mais pressa,
pois sei que o mundo vai girar,
o mundo vai girar,
eu espero a minha vez.

O suor e o cansaço fazem parte dos meus passos,
o que nunca esqueci é de onde vim,
e o que tem por dentro, ninguém pode roubar.

Descanso agora, pois os dias ruins, todo mundo tem,
já jurei pra mim, não desanimar.
E não ter mais pressa, pois sei que o mundo vai girar,
o mundo vai girar, e eu espero a minha vez.

E eu não tô aqui pra dizer o que é certo e errado,
ninguém tá aqui pra viver em vão.
Então é bom valer a pena, então é pra valer a pena,
ou
melhor não.

Os dias ruins, todo mundo tem,
já jurei pra mim, não desanimar
E não ter mais pressa, pois sei que o mundo vai
girar,
o mundo vai girar, e eu espero a minha vez.
(NX Zero)