terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sobre pessoas e preconceitos

Estranho acontecimento marcou meu dia de ontem. Na verdade, o acontecimento foi algo, hoje em dia, completamente banal e comum. Estranho mesmo foi o meu sentimento em relação ao fato.
No sábado, minha irmã me telefonou passando o contato de uma mulher que está à procura de um emprego e eu fiquei contente com a notícia, porque estou realmente desesperada à procura de alguém que me ajude nos trabalhos domésticos.
Após uma breve troca de informações, anotei o número do telefone e não voltei a pensar no assunto. Poucos minutos depois, minha irmã liga novamente dando mais detalhes sobre a candidata: ela tem 33 anos e é homossexual, vive maritalmente com uma mulher. "Hein? Pode repetir essa parte?".
Sim, senhores, tomei um susto, mas consenti em falar com meu marido sobre o assunto, afinal, não me considero uma pessoa preconceituosa. Bem, falei mesmo com meu marido, mas não mencionei esse detalhe. E ele me pediu para ligar e marcar um encontro com a pessoa, assim poderíamos conhecê-la e fazer um teste antes da contratação.
Até aí, nada demais. Mas quando liguei, foi uma outra mulher quem atendeu a chamada e, sem nenhuma cerimônia, disse que aquele celular pertencia à "sua mulher"... Hein? Pode repetir esta parte? Realmente, não estava preparada para uma situação assim. E fiquei absolutamente desconcertada, sem saber como finalizar a conversa.
Refletindo sobre o meu desconforto, percebo que, embora me considere uma pessoa desprovida de preconceitos, os relacionamentos modernos me causam estranheza - ou seria isso um preconceito disfarçado? Diante do ocorrido, constatei que eu não sou a única a me espantar, porque ao comentar o fato com meus colegas de sala, todos demonstraram as mesmas reações. Ou seja, aquele que nunca manifestou um mínimo de preconceito, que atire a primeira pedra.  
Jamais discriminei alguém, independente da preferência sexual, raça ou credo. Tenho parentes e amigos gays e convivo harmoniosamente com eles, embora já tenha me sentido um tanto constrangida em algumas situações. Mas não serei hipócrita dizendo que considero normal essa nova sociedade, onde pessoas do mesmo sexo constituem famílias nada convencionais. A mídia apresenta casais homossexuais em todos os horários, programas de TV mostram a rotina dos travestis, leis são criadas para garantir os direitos de gays-lésbicas-transexuais-e-não-sei-mais-o-que, enfim, hoje existe uma grande exposição e as pessoas (principalmente os jovens) estão confusos quanto à orientação sexual. Porque tudo é normal, tudo é permitido.
Definitivamente, sou conservadora demais, porque ainda sou do tempo em que papai (homem) e mamãe (mulher) geravam um filho ou filha; assim eram as famílias. Não, não quero voltar ao tempo em que homossexuais eram marginalizados e abomino a atitude dos Pitboys que atacam gays nas ruas, porque, embora não concorde com essa ou aquela preferência, considero sagrado o direito das pessoas de agir conforme sua própria vontade e respeito, antes de tudo, o ser humano.
Afinal, o que é normal hoje em dia? Diante de tantos e diversificados comportamentos, tantas opiniões, é impossível julgar o certo e o errado. Assim, melhor que fique "cada um no seu quadrado", respeitando os limites do outro. Há espaço para todos nesse mundo de Deus.
Ah... decidimos fazer um teste com a moça. Importa-nos mesmo é sua competência profissional. Quem sabe não encontramos a ajudante perfeita?
Preconceito (prefixo pré- e conceito) é um "juízo" preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude "discriminatória" perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém, ou de um grupo social, ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito são: social, "racial" e "sexual". Fonte: Wikipédia