sábado, 31 de dezembro de 2011

O novo ano

Voltei... depois de longos dias de ausência, retorno logo hoje, no último dia do ano. Tantas palavras, tanta coisa pra dizer! Mas o tempo está acabando junto com o ano e relatar o passado perde um pouco o sentido.

Outra vez, outro recomeço. Planos, sonhos, desejos, vontades... é a hora de estabelecer metas, fazer promessas, pedir perdão, enfim, o fim de um ano traz consigo todo um ritual de boas intenções e esperança.

Na verdade, meus últimos dias não foram muito diferentes dos demais dias do ano. A infelicidade no trabalho tem abalado minhas estruturas e me sinto com pouca disposição para novos planos. O pior de tudo é que meu esposo também enfrenta momentos de frustração profissional, ou seja, somos um casal de insatisfeitos. Tentamos segurar os pontas um do outro, injetar um pouco de ânimo, planejar algo novo. Estamos mais unidos, apesar de tudo.

Para esta data, não pretendo fazer planos, me iludir com promessas as quais sei que não serão cumpridas. Pretendo apenas estar junto das pessoas amadas, abraçar muito, sentir cada pequeno momento, por mais insignificante que seja.

E deixo a mensagem de um mestre das palavras como tradução do meu verdadeiro desejo para o ano vindouro.

Que 2012 seja um ano melhor para todos.


Receita de Ano-Novo (Carlos Drummond de Andrade)
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido (mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.